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Danças Tradicionais Gaúchas e Influências

 

As gaúchas são as mais coreográficas danças brasileiras e são marcadas pela influência das culturas espanhola, portuguesa e francesa. As danças gaúchas estão impregnadas do verdadeiro sabor campesino do Rio Grande do Sul; são legítimas expressões da alma gauchesca. Em todas elas está presente o espírito de fidalguia e de respeito à mulher, que sempre caracterizou o campesino riograndense. Ás vezes, também, a dança gaúcha é caracterizada por movimentos e sapateados fortes e até violentos. Em seus volteios exige grande esforço dos dançarinos, chegando em alguns casos, apresentar-se como um desafio de perícia, agilidade e audácia.
 












 
 













 

























ANÚ
Dança típica do fandango gaúcho, o Anú divide-se em duas partes totalmente distintas: uma parte cantada e outra sapateada. Aproxima-se bastante da “quero-mana”, principalmente pelo passeio cerimonioso que os pares realizam. O período em que o Anú gozou de maior popularidade, no Rio Grande do Sul, foi em meados do século passado. A partir daí , tal como ocorreu com as demais danças do fandango, foi cedendo lugar às danças de conjunto que surgiam, ou se amoldou às características dessa nova geração coreográfica: daí haverem surgido variantes como o Anú de cadena, com nítida influência das danças platinas sob o comando. O Anú é legítima dança de pares soltos, mas não independentes. É dança grave (na parte cantada e nos passos cerimoniosos) mas ao mesmo tempo viva e algo pantomímica (na parte sapateada e nas evoluções que os homens apresentam). Há um marcante que ordena as figuras e sapateados. Cada figura pode ser mandada repetir pelo marcante, à voz de “outra vez que ainda não vi”.

CANA VERDE
A Cana Verde chegou de Portugal e se tornou popular em vários estados brasileiros. Naturalmente foi adquirindo cores locais, em cada região e desta forma produzindo variantes da dança-origem. A coreografia apresentada pelo grupo Aruanda é a mais difundida no nordeste e litoral do Rio Grande do Sul.

​BALAIO
O Balaio é brasileiro da gema e procede do nordeste, assevera Augusto Meyer em seu guia do folclore gaúcho. Do ponto de vista musical, o balaio guarda nitidamente a feição de nossos velhos Lundús, aqueles mesmos que criaram no nordeste do Brasil, o baião. Nas estrofes de seu canto, outrossim, o Balaio relembra quadrilhas dos sertanejos, não faltando siquer um redundante “não quero balaio, não” bem estranho ao linguajar gauchesco. Constitui uma dança bastante popular em toda a campanha do Rio Grande do Sul. O nome Balaio origina-se  do aspecto de cesto que as prendas dão a suas saias, quando o cantador diz: “moça que não tem balaio, bota a costura no chão”. A esta última voz, as prendas giram rapidamente sobre os calcanhares e se abaixam, fazendo com que o vento se embolse nas saias. O Balaio, tal como se tornou popular no Rio Grande do Sul, apresenta uma simbiose bastante curiosa, realmente excepcional. Trata-se de dança sapateada, e ao mesmo tempo, dança de conjunto. A coreografia divide-se em duas partes (que correspondem às duas partes do canto): o sapateio e o girar de duas rodas concêntricas, constituídas por homens e outra por mulheres. O sapateio é uma decorrência das danças sapateadas puras, de pares soltos e independentes. A formação de rodas que giram é originária da conhecidíssima figura da quadrilha “dames ao milieu, chevaliers ao tour”, a qual se encontra presente em danças regionais de todo o mundo ocidental.

CHULA
Dança em desafio, praticada apenas por homens. A chula tem bastante semelhança com o lundu sapateado, encontrado em outros Estados brasileiros. No sul, uma vara de madeira denominada lança e medindo cerca de 4 metros de comprimento é colocada no chão, como dois dançarinos dispostos cada um em suas extremidades. Ao som da gaita gaúcha, executam diferentes sapateados, avançando e recuando sobre as mesmas. Após cada sequência realizada, o outro dançarino deverá repeti-la e em seguida realizar uma nova sequência, geralmente mais complicada que a do seu parceiro. Assim, vencerá o dançarino que perder o ritmo, encostar na lança ou não conseguir realizar a sequência coreográfica desafiada pelo anterior.

CHIMARRITA BALÃO

A Chimarrita balão é conhecida somente no litoral norte e planalto nordeste do Rio Grande do Sul. Balão foi uma dança bastante vulgarizada em Portugal no século passado, e teve, no Brasil variantes como o Balão faceiro. Não existe, a não ser na denominação, a mínima semelhança entre a Chimarrita balão e a tradicional Chimarrita. Esta dança é de pares independentes. Apresenta uma simbiose curiosa, pois engloba duas gerações coreográficas extremamente distintas: é dança de pares enlaçados (geração que se vulgarizou entre os latinos somente a partir do século passado), e, ao mesmo tempo, dança sapateada (tal geração atingiu o auge da popularidade entre os latinos, no século XVIII).

CHIMARRITA
Dança popular em Açores, Portugal. Trazida pelos açorianos na metade do século XIX. Nos países platinos é conhecida por Chamané. No Rio Grande do Sul é conhecida também por limpa banco, pois ninguém consegue ficar sentado ao ouvir a sua melodia. Inicialmente era uma dança de pares enlaçados, com influências dos xotes e das valsas. Atualmente os pares dançam soltos, ora numa direção ora noutra, em filas e me roda. Em outros momentos executam passos de polca, bailando juntos.

CARANGUEJO
Esta dança já foi popular em todo o País, porém,  atualmente, concentrou-se no Sul. A sua coreografia apresenta-se  por cumprimentos  entre os dançarinos e balanceios; evolução originária da quadrilha europeia.

Pau-de-Fitas

É tida como dança universal, pois não se consegue encontrar o ponto geográfico de origem. Ela surge de todos os lados e em todos os povos. Provavelmente venha da dança das fitas evidenciando as solenidades de culto às árvores entre os povos primitivos. No Rio Grande do Sul é dançada, embora com raridade, como parte integrante das festas de reis, em 6 de janeiro. Hoje se dança em torno de um mastro formando figuras com as fitas de acordo com as evoluções dos dançarinos que levam as fitas, em duas cores, uma para os homens e outra para as mulheres, nas mãos fazendo os entrelaçamentos.

MAÇANICO 
Essa dança por suas características coreográficas parece ser portuguesa. Com o nome de Maçanico, surgiu no Estado de Santa Catarina e daí passou ao nordeste e litoral do Rio Grande do Sul. O nome constitui uma corruptela de maçarico, ave do sul do País.

PEZINHO
O Pezinho constitui uma das mais simples e ao mesmo tempo uma das mais belas danças gaúchas. A melodia do Pezinho, muito popular em Portugal e nos Açores, veio a gozar de intensa popularidade no litoral dos estados brasileiros de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Entre os gaúchos, a música do Pezinho amoldou-se à instrumentação típica, e adquiriu, graças a acordeona, mais vivacidade e alegria, ao mesmo tempo em que a coreografia se amoldou ao espírito da gente do litoral rio-grandense. É necessário frisar que o Pezinho é a única dança popular rio-grandense em que todos os dançarinos obrigatoriamente cantam, não se limitando, portanto, a simples execução da coreografia. O Pezinho pertence a uma geração coreográfica especial, que se apresenta duas figuras características: na primeira figura, há  uma marcação de pés e na segunda, os pares giram em redor de si próprios, tomados pelo braço. Desta forma o Pezinho rio-grandense é irmão da Raspa mexicana, do Chilbelri francês, do Herr-schimidt alemão, etc...Em relação à sua estouvada irmã mexicana e a seus robustos e desatinados irmãos europeus, o Pezinho sobressai pela ingenuidade com que fala e com que age. Sua ingenuidade e sua ternura é que fizeram a dança predileta dos tradicionalistas rio-grandenses.

TIRANA DO LENÇO
A Tirana do Lenço denota sua integração na região coreográfica das danças sapateadas, de par solto, não só pelos passos e sapateados, como principalmente pela mímica amorosa que caracterizou tal geração e que se resume num movimento de aproximação, fuga e encontro final dos dois dançarinos. Essa, era executada normalmente por um casal de dançarinos, mais as vezes por dois ou mais pares; nesse caso , então as figuras se sucediam sob o comando, de modo a guardar a uniformidade original.. Um dos elementos marcantes desta dança é o lenço, usado tanto pelos homens como pelas prendas.

CHOTE CARREIRINHA
Coreograficamente o xote guardou de forma geral os passos de dança de origem, mas se enriqueceu com uma serie de variantes peculiares. A determinados municípios rio-grandenses onde todos executam os mesmos movimentos ao mesmo tempo. 

Rancheira de Carreirinha

É uma variante de rancheira, dançada grupalmente.

A rancheira é uma versão da mazurca argentina e uruguaia. No Brasil, sua difusão se dá após o aparecimento do rádio. É importante notar que a rancheira é uma "valsa abagualada", com ritmo mais animado e dançante que a própria valsa. O ritmo musical é mais difundido nas regiões missioneiras do que no lado centro-sul do Estado.

    Caracteriza-se pela "carreirinha" que são passos de juntar, nessa, a letra da música, é um convite a bailar a rancheira - Vem cá, vem cá, minha linda gauchinha. Pra nós, dançar, rancheira de carreirinha.

Rilo

Juntamente com as country dance (contradança), Paris importou da Escócia um reel em formação de roda, utilizando a figura do 8. Nos salões brasileiros, em torno de 1850, era muito dançado, passando depois para a zona rural com o nome aportuguesado para "rilo", tornou-se popular no RS em meados do séc. XIX, dançada em roda, é uma coreografia de três figuras básicas, onde há troca de pares constante. È uma dança onde deve-se expressar alegria e vivacidade.

Roseira

Uma das danças regionais sul-rio-grandenses onde se percebe maior parentesco com danças regionais de Portugal. Coreografia muito rica onde os pares dançam soltos, outros de mãos dadas em ritmo rápido, outras há a execução de um namoro com gestos lentos e delicados, dançada em roda, com pares dependentes, assemelha-se com a “Chimarrita-balão”, dançada num ritmo mais lento, compreende três figuras básicas: o passeio, a roseira e o valseio.

 

Sarrabalho

Tem origem na Ibéria. Trata-se de um sapateado, em que os dançarinos vão castanholando com os dedos, em pares soltos, com o homem parecendo perseguir a mulher.

Tatu de Castanholas

Música folclórica gaúcha, cuja coreografia foi criada posteriormente utilizando-se de sapateios já existentes em outras danças, mas que adquiriram uma forma especial quando os pares soltos alternam sapateios e evoluções chamadas passeios.

Tatu-com-volta-no-meio

Originalmente, o Tatu não tinha a "volta no meio". Consistia num sapateado de pares soltos sem maiores características. A volta no meio foi introduzida na metade do século XIX.

Chote Inglês

Dança de salão difundida nas cidades brasileiras no final do século XIX, por influência da cultura inglesa. Começou pelos centros urbanos, executado ao piano e ganhou o interior já executado na gaita.

Chote-de-duas-damas

É uma bonita variante do xote, em que um peão dança com duas prendas, possivelmente reproduzindo o que acontecia na Alemanha. Na Argentina se dança o palito do mesmo modo. Em São Paulo, na década de 1920, dançou-se um xote militar com duas damas. Diz-se que teve origem num momento em que por causa das guerras haviam poucos rapazes nos bailes.

Chico Sapateado ou Chiquinho

Apresenta coreografia em que ora o par se enlaça, normalmente pela cintura como nos dias atuais e executa passos de polca, ora tomam-se pelas pontas dos dedos da mão direita e realizam giros e sapateios.

Chote das Setes Voltas

A peculiaridade dessa dança, o próprio nome já diz, as setes voltas que o par deve realizar na valseadinha da dança, girando num sentido, e de imediato, em sentido contrário.

Chotes de Quatro Passi

É uma variante de Xote gaúcho, com letra em italiano. Constitui-se na primeira dança do folclore gaúcho recolhida na região colonial italiana. A coreografia, letra e música, foram recolhidas por Antônio Augusto Fagundes, em janeiro de 1966. É uma dança de conjunto, de pares independentes, em formação oposta, frente-a-frente. Os pares, de uma forma geral, são maneirosos nos valseios, elegantes e graciosos. O canto deve ser descontraído.

Meia Canha

A origem remota da "Media-Caña" platina parece encontrar-se numa dança de Andalucía, denominada "Media-Caña". Esta dança espanhola parece ter sido, até hoje, ignorada pelos folcloristas platinos, que dão o próprio nome "Média-Caña" - já não falamos da coreografia - como de formação autóctone.

Dança de pares sôltos, a "Media-Caña" enriqueceu-se de extrema mímica amorosa, no Prata.

"Chamava-se assim porque enquanto durava cada descanso dos dançarinos, circulavam entre eles os chifres cheios de canha (aguardente), não se dando fim a dança enquanto não se houvesse esvaziado toda a bebida."

Quero-mana

Tornou-se popular também em SC e PR, quando estavas prestes a desaparecer, adquiriu uma força vital que a fez perdurar. Assemelha-se com o Anu, a primeira parte, um minueto e a segunda, um bate-pé executado por peões e prendas.

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