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Contato dos indígenas com os europeus

- A conquista da banda oriental do rio Uruguai pelos europeus e seus descendentes teve graves consequências para os indígenas. Foi uma história de saques, pilhagens, mortes, dores e lágrimas. Em nome dos valores cristão-ocidentais, praticou-se o genocídio dos indígenas, a apropriação de suas terras, a destruição de sua cultura.
- Nas primeiras décadas da presença europeia na América, a escravidão indígena para o trabalho em minas, engenhos e fazendas gerou intensa polêmica. O dominicano Bartolomeu de Las Casas conseguiu que o rei Carlos I, da Espanha, permitisse a utilização da mão de obra africana nas colônias e proibisse a escravidão indígena. Em 1534, o Papa Paulo III caracterizou os indígenas americanos como seres humanos, isto é, possuidores de alma. Isso não bastou, e os indígenas continuaram sendo tratados pelos colonizadores como se fossem animais.
- A colonização da América provou uma ilimitada oferta de terras, e a carência de trabalhadores livres para cultivá-las estimulou a escravidão indígena.
- Assim, os indígenas que viviam na banda oriental do rio Uruguai foram caçados e aprisionados pelos bugreiros e bandeirantes nos séculos XVII e XVIII. Eram utilizados como soldados nas campanhas militares entre portugueses e espanhóis e para combater outras tribos. Além disso, os indígenas foram exterminados pelas doenças que acompanhavam os colonizadores europeus.
- Existe uma farsa ao considerar o indígena indolente, um preguiçoso incorrigível. Se essa concepção fosse verdadeira, porque ocorreram centenas de expedições conhecidas como bandeiras, caçando indígenas para vendê-los como escravos? O capítulo dos bandeirantes, presente em todos os livros de História do Brasil, é pura ficção? Se o indígena era ocioso e imprestável ao trabalho, porque as reduções alcançaram níveis eficientes de organização produtiva? Tanto isso preocupou os interesses dos portugueses e espanhóis que as reduções sofreram boicotes econômicos, pressões políticas e destruições militares.
- Considerar o indígena um vagabundo equivale a negas as raízes históricas do Rio grande do Sul, uma vez que os domadores e vaqueiros, iniciadores da formação social criadora de gado nas estâncias eram indígenas. O gaúcho descende desses.
- Já no século XIX, a implantação da lavoura de café em São Paulo obrigou os indígenas a procurarem refúgios em outras regiões. Os que chegaram ao Rio Grande do Sul estabeleceram-se em áreas do planalto, mas logo foram ameaçados e destruídos pelos agricultores de origem europeia que recebiam pequenos lotes de terras. Os imigrantes, a maioria germânicos e italianos, recorriam aos serviços de bugreiros especializados na destruição de aldeias e na matança de indígenas. Isso explica por que os gês do Rio Grande do Sul já não existem. Os que migraram de são
- Paulo pertencem ao grupo kaingang.
- A destruição dos pampeanos foi facilitada por seu modo de vida nômade. Sobrevivendo da caça, pesca e coleta de vegetais, a ocupação das terras pelos criadores de gado impediu que esses indígenas se deslocassem de um lugar para outro, o que acabou destruindo sua cultura. Os pampeanos foram extremamente arredios aos contatos com os europeus e seus descendentes. Eles jamais aceitaram as reduções jesuíticas. Mesmo assim, eram frequentemente envolvidos nas lutas entre portugueses e espanhóis, sendo utilizado nas missões militares mais arriscadas. Nessas condições, eram facilmente abatidos pelos inimigos.
- Resultado: hoje não existem remanescentes dos pampeanos no Rio Grande do Sul, Uruguai e norte da Argentina (província de Entre Rios e Corrientes).
- A descaracterização dos indígenas pampeanos também se deve à sua utilização como peão de estância nos primórdios da pecuária gaúcha. O cavalo, trazido pelos colonizadores, exerceu forte atração entre os indígenas, em especial nos pampeanos, que logo se transformaram em habilidosos cavaleiros. A figura tradicional do gaúcho (o vaqueiro) está profundamente relacionada com esses indígenas.
- Quanto aos guaranis, cabe ressaltar que foram mais receptivos aos colonizadores. As reduções organizadas pelos jesuítas espanhóis assumiram tal importância que escaparam ao controle das coroas ibéricas, obrigando-as a expulsar os jesuítas dos domínios portugueses em 1759, e dos espanhóis em 1768. Após essas providências, aos poucos as terras dos guaranis missioneiros foram ocupadas pelos colonizadores, o gado roubado e a população indígena dizimada, expulsa ou escravizada.

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